Reflexões Pesquisas/Leituras

 

______________________1º Semestre_____________________

 

________________Educação e Tecnologias_______________

 
Uma vez que a instituição em estudo se insere no âmbito da temática das Tecnologias em contexto educativo, considerei oportuno fazer uma breve introdução e enquadramento da mesma. Neste sentido, apresento um vídeo sobre a evolução das Tecnologias na Educação ao longo do tempo:
 
 
É relevante referir que - de acordo com os conteúdos apresentados no vídeo e reflectindo um pouco sobre a temática em questão - a evolução da Tecnologia na Educação visa sobretudo melhorar a qualidade do ensino, estimular e motivar alunos e professores, inovar e investir em novas técnicas e métodos, dinamizar e recriar a educação.
    Do meu ponto de vista - e apelando à minha experiência enquanto aluna -, considero que a articulação das Tecnologias com a Educação vai ao encontro das necessidades da geração actual, das exigências do mercado de trabalho e da própria sociedade. 
    A aliança entre a Educação e as Tecnologias é, a meu ver, uma mais-valia para o desenvolvimento e evolução do indíviduo e da sociedade, na medida em que a Educação é fundamental para o constante processo de formação do indivíduo e as Tecnologias são o futuro. As tecnologias surgem como uma oportunizada de dinamizar e inovar o ensino, criando novos ambientes e contextos de aprendizagem com vista a estimular e motivar o aluno pelo gosto por aprender e aprofundar conhecimentos.
 
 
 
Outro(s) vídeos relacionados com a temática:
 

 

 

______________________2º Semestre_____________________

 

____________________Escola-Gaiola___________________

 

Reflexão sobre o artigo: https://medium.com/medium-brasil/d405498a8309

 

Nas minhas pesquisas, encontrei um artigo bastante interessante que me despertou verdadeiramente a atenção no momento em que li o seu título "Como as escolas transformam crianças em adultos medíocres". 

Encontrando-me bastante interessada e motivada em analisar o artigo, compreendi que este traça uma crítica à escola actual e a um sistema educacional que tenta converter as crianças em "adultos consumidores, e não criadores de conhecimento". A crítica identificada é a escola como indústria, onde os alunos são agrupados em turmas numa sala de aula, respeitando uma determinada rotina, e onde os professores são entendidos como profissionais especializados que desempenham os "seus papeis de maneira bem segmentada". Este tipo de visão vê a escola como uma fábrica em que a sua finalidade é preparar os alunos para o mercado de trabalho; que se segue pelo tipico modelo em que o professor dita o conhecimento e o aluno é o mero receptor, que não pensa, que não critica, que não tem opinião, que não detém uma bagagem de conhecimentos própria.

Segundo a minha experiência enquanto aluna e tendo em conta todo o meu percurso escolar, agora que penso e reflito sobre este modelo de escola vejo o quanto este afecta e condiciona o desenvolvimento pessoal e académico do aluno. Tenho consciência de que ao longo do meu percurso de educação e formação, a escola (fundamentalmente nos primeiros ciclos e ensino secundário) me condicionou o desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva, de estimular o pensamento sobre a realidade, e portanto em consequência disto, actualmente na área onde me encontro sinto com alguma frequência dificuldade em demonstrar e aplicar o suposto olhar critico e reflexivo perante as Ciências da Educação. Se a escola estimulasse e promovesse desde cedo o desenvolvimento destas capacidades, o choque com a exigência que se requer no ensino superior em termos da aplicação e avaliação das mesmas, não seria sentido com tanta intensidade e dificuldade. Com isto pretendo dizer que se se valorizasse, desde os primeiros anos de educação, o que o aluno pensa e sabe, e se se investisse na sua capacidade de questionamento, a integração no ensino superior e até mesmo na sociadade seria concretizada de forma mais natural e linear. Paralelamente, o que se verifica é que as escolas suprimem "o desejo de aprender, ao invés de despertar a curiosidade e estimular a inteligência".

Neste contexto, o artigo apresenta uma comparação que considerei extremamente interessante e adequada ao que foi referido anteriormente, onde se compara a escola-tradicional com a escola-nova:

"Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."

O ser humano quando nasce já lhe é intrínseca a criatividade, a capacidade de questionar, criticar e reflectir sobre a realidade que o rodeia. As crianças exprimem autenticamente a sua criatividade através dos desenhos, das histórias que imaginam, dos seus mundos de fantasia. Quando ingressam na escola e no seu sistema complexo de regras que lhe delimitam o que pensar, como pensar, até onde pensar e como não questionar, a sua criatividade e o seu pensamento crítico vão sendo limitados à medida que avançam nos diversos níveis de ensino. É neste contexto que coloco as seguintes questões: Porquê não potenciar e valorizar a criatividade que nos é inata desde o início da educação? Que perfil de alunos obteríamos se a escola não limitasse o desenvimento do pensamento crítico e da criatividade? Quais as mais-valias da aposta neste tipo de perfil de alunos? Porquê continuar a insistir numa Escola-Gaiola, quando o que é urgente é uma Escola-Encorage-o-Voo?

Estas são questões que considero fundamentais para as reflexões e debates no âmbito das Ciências da Educação. Cabe-nos nós, futuros licenciados e técnicos de educação estudar, analisar e pensar sobre estas questões procurando alcançar uma escola de qualidade, focada no aluno e no seu processo de aprendizagem, valorizando e potenciando as suas capacidades e competências, investindo num futuro cidadão activo. É investindo e valorizando cidadãos críticos, reflexivos, que se questionam e inquietam, que se assegura o futuro de uma sociedade do conhecimento dinâmica, criativa, empreendedora, inovadora. 

Cabe-nos a nós pensar numa Escola que promova, valorize e encorage a arte do voo, para que no futuro os pássaros sejam capazes e competêntes naquilo que é voar.

 

 

____________________A ti professor eu acuso!___________________

 
Reflexão sobre o Livro "A ti professor eu acuso!", de Nelson Mendes
 

Na sua obra «A ti professor eu acuso!», Nelson Mendes faz uma interpretação sobre o sistema educativo português nos anos 70 (Escola), realizando uma crítica ao seu estado, apontando e reflectindo as suas falhas, a sua estrutura, o modo de funcionamento, os seus actores (professor e aluno), a técnica utilizada pelo professor entre outras realidades. Apesar da crítica se dirigir ao sistema educativo portuguès dos anos 70, considero que esta se encontra bastante actual.

O que me motivou a analisar e reflectir sobre esta obra foi primeirarmente pelo facto de o autor, Nelson Mendes, ser meu avô e em segundo lugar pela temática em si abordar os temas das Ciênicas da Educação. Ainda no que diz respeito à motivação, é oportuno referir que a apresentação/ estrutura do livro é em si uma crítica: um caderno diário de um aluno; sem índice nem numeração das páginas; a imagem da sebenta com folhas escritas só numa pagina; a sua caligrafia manuscrita cheia de movimento e liberdade; e a sua linguagem comum e familiar também ela livre e cheia de vida e sentimento.

 

 

A ti professor eu acuso!

O problema que Nelson Mendes (1970) coloca na sua obra, relaciona-se com a temática do «mundo da aprendizagem em geral» (Mendes, 1970). A narrativa do autor constitui fundamentalmente uma crítica ao sistema educativo dos anos 70 e é assumida por um aluno que se dirige ao seu professor criticando-o, apontando as suas falhas, analisando a sua técnica de ensino, caracterizando-o (figura do professor = Sistema educativo).

Nelson Mendes começa por referir que a sua crítica se aplica a "qualquer situação entre CADA-DOIS, embora SEMPRE…do-QUE-CHEGA para o que JÁ-CÁ-ESTAVA (…)", ou seja, cada chamada de atenção ou crítica apontada pelo autor poderá ser generalizada e transferida para situações idênticas onde os intervenientes mantêm uma relação vertical (ex.: aluno à professor; filho à pai; empregado à patrão; etc.à etc.). Portanto, a crítica feita é transversal a todos os níveis de ensino, estendendo-se igualmente a situações informais de educação.

Após ter realizado uma anáçise e interpretação à obra em questão, a minha atenção fixou-se em alguns pormenores de interesse relevante, nomeadamente alguns excertos que se revelaram significativos para mim e que, de algum modo, me fizeram reflectir sobre temáticas que considero fundamentais estudar e (re)pensar dada a área (Ciências da Educação) em que me encontro.

Neste sentido, o primeiro excerto que seleccionei provocou em mim uma reflexão e uma análise crítica acerca das principais qualidades do professor:

 

"Aí estás tu

                           imagem da repressão

                           palhaço-da-ensinagem

                                                          pedabobo

                                                          zé falhado

                                                          triste-do-mundo

                                                                      cansado

                                                                      na tua escola-zangada

                                                                      feito mauzão e pirata."

 

Esta citação facultou-me a imagem e a postura do professor: a figura de autoridade da sala de aula, aquele que sabe tudo e que reproduz o conhecimento gerado por outros, aquele que "papagueia" o conhecimento/matéria/conteúdo sem vida, sem alegria, sem brio, sem luz, sem vontade nem motivação, sem alma! Percepcionei um professor que dá as aulas só por dar, só porque sim (porque tem que cumprir um programa; porque tem que ter um trabalho; porque tem que prestar contas a alguém; entre outros motivos sem vida!). Inevitavelmente, esta figura do professor-autoritário-triste-papagaio levou-me a formular uma questão: porque é que o professor não desempenha a sua vocação/profissão alegre, viva e empaticamente? Porquê? Esta questão surge de um simples raciocínio: se a profissão de docente foi escolhida pelo próprio professor por motivos de interesse pessoal (por paixão ou gosto, por vocação ou sonho), porque é que não é exercida com vida, cor e sentimentos estimulantes e positivos? Será que é por ter tido modelos de docência (no seu passado) exigentes e autoritários, que sempre insistiram numa postura arrogante e numa relação professor-aluno algo distante e formal, que o professor adopta e veste esse modelo? Será esse o motivo? O ter contactado com essa dura-realidade durante o seu processo de educação enquanto aluno e formando?

Uma outra questão que surge desta reflexão visa compreender o porquê de, se for o caso da situação acima mencionada, o professor adoptar esse modelo de docência? Se na sua experiência enquanto aluno sonhou e idealizou uma prática educativa mais activa, dinâmica e repleta de vida (na relação professor-aluno), com aulas inovadoras em que o professor conciliasse variadas técnicas e estratégicas, com aulas que valorizariam a interacção (professor-aluno; aluno-aluno), porque é que então não se focaliza em alcançar esta dimensão pedagógica? Porque é que o professor não procura abraçar este desafio: ser diferente na sua postura, na sua técnica de ensinar e na sua relação com o(s) aluno(s)?

Esta forma de pensar e de reflectir não se aplica de todo a todos os professores pois, na verdade o que se pretende é (re)pensar sobre o sistema educativo no geral, não olhando para as suas excepções.

Um dos excertos que considerei igualmente significativo refere-se à técnica do professor:

 

"(…) Sim! Toma nota (peço-te): entre as mais várias agressões em que és hábil-e-fértil, maquiavélico até, há uma que nos dói mais, que é talvez a-mais-difícil, difícil de superar (sem rebentar):

a-tua-técnica!

                                          Repara: de facto a-tua-técnica não falha, não pode falhar de modo algum. É tua. És tu. (…)"

 

No seguimento da reflexão anterior, é relevante (re)pensar a técnica, a estratégia do professor: aquela em que o docente reproduz o conhecimento produzido pelos outros, a técnica do «papaguear», aquela que insiste numa estrutura de aula em que o professor fala e o aluno ouve/regista, aquela que não privilegia a interacção, a participação activa, a cooperação e a colaboração, aquela que não valoriza o aluno e que não o coloca no centro da aprendizagem. Repare-se que esta técnica se centra no conhecimento quando se deveria centrar no aluno, no seu processo de aprendizagem!

A questão que surge deste pensamento : se o que se pretende com a educação é formar indivíduos, e posteriormente, futuros cidadãos activos actuarem numa sociedade dinâmica e em constante mudança, porque é que não se valoriza a interacção entre os alunos ao longo do seu processo de aprendizagem, já que viver em sociedade é viver em interacção com o outro? Se o ponto de partida para a construção de um ser social é a sala de aula, porque não começar por educar essa dimensão (o ser activo, o ser participativo, o cooperar e colaborar com o outro) em sala de aula em comunhão com os outros?

É precisamente por não se pensar e reflectir em práticas activas e dinâmicas que Nelson Mendes se refere às "aulas-sermão":

 

"(…) venha a técnica de onde vier, nem que seja do inferno, tu és implacável nos modos que nos impinges, no papagaio que és!                                           

Aulas-sem-vida

                                                              aulas-sem-cor

                                                                    monotonia

                                                                           terror

                                                                            chatice

                                                                                   repetição

                                                                                    mecanicismo

                                                                                           sermão!"         

 

Este excerto levou-me a reflectir sobre a motivação dos alunos: motivação intrínseca, interesse por querer saber mais sobre tudo, ir mais além. Que tipo de motivação poderá surgir (nos alunos) com técnicas como estas? Será a melhor estratégia? Aulas passivas (da parte do aluno)

O que se verifica ao longo do tempo é que a estratégia, o "papaguear" o conteúdo programado, a técnica de transmissão do conhecimento não se alterou, não evolui, instalou-se e permaneceu no tempo! Daqui surge, talvez, a minha maior questão desta reflexão: Porque é que a técnica de transmitir o conhecimento não evolui? É certo que os professores têm apostado cada vez mais na formação, no entantoo molde, a estrutura e a técnica de transmissão do conhecimento continuapraticamente no mesmo formato!

Ao longo desta reflexão fui levantado questões e reflectindo sobre as mesmas. As respostas a estas são sugeridas pela personagem do aluno (Nelson Mendes), que apresenta uma série de conselhos ao Professor:

 

"(…) tens que ser sempre e sem qualquer excepção o-mais-alegre, o mais bem disposto da aula, o mais feliz-e-gozão, realizado, alegre-de-vocação, por estares ali comigo (…)"

"Tens que acreditar (de uma vez para sempre) que não me vais ensinar, (…) impingir seja o que for. Nada-de-nada. Mas sim apenas motivar-e-provocar a minha aprendizagem (…)"

        "(…) tens de deixar de ser (urgentemente) um-professor-carimbo, repetidor, rezingão…que quer tudo-igual-a-todos, e todos-iguais-a-tudo, e             todos a-um-modelo (…)"           

 

Estas propostas, apresentadas pelo aluno, sugerem que mais do que ser um professor exemplar, este deve ser um exemplo como pessoa! Mais do que ser um professor mecânico e robotizado, deve ser um professor empático e sensível aos alunos! A proposta sugere que o professor seja o modelo de como viver! A referência de como fazer, saber-fazer, saber-fazer-bem!

Estas propostas apresentadas pelo aluno ao professor suscitaram em mim uma reflexão acerca da proximidade da relação professor-aluno, do processo de ensino-aprendizagem que poderá surgir dessa relação, do sucesso e qualidade da chamada "pedagogia", a ciência da educação!

Todo o processo de educação e formação pessoal necessita de uma figura-modelo que oriente esse mesmo processo, que forneça feedback apontando os pontos fortes e os fracos, que auxilie e encaminhe para a melhoria. Na primeira forma de educação (Educação primária), essa figura é representada por um pai ou uma mãe que orienta o início de um ciclo de educação e de formação. Posteriormente, com a ingressão numa educação mais formal (Educação secundária: Escola), a ênfase dada à referência do papel do pai/mãe, enquanto educadores/formadores, passa para o professor. Ora, dada a extrema importância e responsabilidade que é assumir o papel de exemplo, ao professor propõe-se que dê continuidade ao processo de educação iniciado outrora em casa, que complemente a construção do carácter de cada aluno, cada ser.

 

Referência

Mendes, Nelson (1975). A ti professor eu acuso!. BE: Básica Editora